No último domingo Otto e eu fizemos a primeira repetição da Deuses Esquecidos [4° Vsup (8a/A1) A2 E2 D3], localizada na Serra do Ponto (cume do estado de Pernambuco) em Brejo da Madre de Deus. Boa parte da via foi livrada e pudemos atualizar o croqui após alguns ajustes. Segue o vídeo e o relato da escalada feitos por Adilson Otto:
"Fazia algum tempo que
Cauí estava tentando me convencer a fazer a primeira repetição da Deuses
esquecidos na Serra do ponto, pelo croqui gostei da linha da via, mas aquela
caminhada me deixava um tanto preguiçoso, já que meu joelho não está muito bem,
venho poupando.
Neste final de semana
o grau de se fudência
aumentou e decidimos repetir a via, com um pequeno detalhe! Cauí queria fazer
alguns ajuste nas proteções para tornar a via mais livravél ou seja teríamos
que levar furadeira e tudo mais, assim estaríamos mais pesados.
Uma corda, um cordelete como retinida,
dois jogos de friends e um de nut pra quem guia, e o segundo iria "The
flash" no jumar pra acelerar o rendimento. Para não pegar sol saímos as 4:40 da manhã, pois após as 11h a via fica toda no sol,
começamos a caminhada ainda no escuro, esta que na verdade é a travessia da
Serra do Ponto, após uma hora passando por blocos no terreno tipo rio seco
avistamos a parede mais vinte minutos chegamos a base da via.
Como
eu queria guiar a parte dos artificiais e Cauí a parte livre, ficamos todos
felizes e ele começou a primeira enfiada, 7c que ainda não tinha sido
encadenado, botou pressão nos regletes e passou o lance esticando a corda,
chegou na P1, jumariei até a parada vesti a sapata e sai em direção a passagem
em meio a vegetação, passando por um diedro inclinado, uns seis metros, com a
mão na fenda e o pé na aderência na
sequência uma rampa de aderes, nada complicado, e cheguei a P2.
Cauí chega e se encarrega de fazer a
transversal no plato de mato, de tênis mesmo e chega a P3, essa próxima enfiada
me deixava ansioso, há tempos não guiava um A2 mas vamos lá, de início
sequência de grampos passando para parafusos fui colocando cabo de nut, ai
começou valendo, entrei na fenda, peça na frente de peça cheguei na parte do
crux uma sequência de nuts na rocha quebradiça, tranquilidade foi essencial
assim rapidamente passei o lance, pensei foi fácil, passei alguns lances e a
fenda se abriu e tinha muito guano (excremento de morcego) tornando a pedra lisa,
coloquei o friend #7 e por incrível que pareça o miserável escorregava que por
duas vezes achei que iria vacar, subi um pouco e coloquei uma peça mais
potência, chegando naquele velho dilema, saio em livre ou continuo em
artificial, aiai, decidi sair em livre pra agilizar, passei alguns metros mas
acabei voltando para os estribos tentando correr contra o tempo fiz essa
enfiada em quase uma hora, chegamos a P4.
Já sabendo que o artificial
continuava na próxima enfiada, fiz um lanche e arrumei o equipo, lance rápido
de uns 20 metros em A1, muito divertido por sinal,cheguei a P5, Cauí resolve
tentar livrar o lance e o fez muito bem ficando em 6º sup.
Essa próxima enfiada é da pancadaria,
lance duro com proteções esportivas, Cauí foi entrando, grampo por grampo até
que fez um movie errado e vacou, foi uma pena quase saiu a cadena total da via,
cotamos o lance em 8a quem não quiser apertar uns bidedos pode passar pisando
no grampo, mas vale livrar o lance, subiu mais alguns metros e decidimos fazer
a parada opcional por causa do número de costuras, mais algumas sequências um
pouco complicadas e chega a canaleta, resolveu adicionar mais uma chapa ao
final (trecho conquistado em furos de cliff, tendo apenas o último grampo no
rac pra bater no cume) pra tornar o lance mais seguro e livravél, chapa
colocada, entrou e passou ficando em 7a.
Jumariei freneticamente e chegamos ao
cume após 5h e 30min de escalada, devoramos o resto do lanche, arrumamos a
carga e partimos para o resto da caminhada da travessia da Serra do ponto,
visual incrível do ponto culminante de Pernambuco, após 1h e 40 min de descida,
com o joelho apresentando sinais de excesso de impacto, chegamos à capela da
Mãe Rainha, em Brejo.
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