Continuando nossa saga do fim de semana estendido, saímos no domingo depois do almoço de Serra Talhada rumo a Brejo da Madre de Deus, onde chegamos no início da noite. Encontramos Leo Aranha e Jane, que haviam chegado pela manhã e escalado por lá. O plano seria acordar cedo na segunda-feira pra escalar as grandes vias abertas recentemente na Serra do Ponto.
Acordamos às 4h, tomamos café, arrumamos as coisas e só então percebemos que estava chovendo. Ainda demos uma volta de carro pra enxergar a Serra do Ponto e a visão foi desanimadora, tudo molhado.
Pensei um pouco e perguntei se eles topavam dar uma investida na Pedra da Igrejinha, uma das pedras que vemos todas as vezes que vamos à Brejo, mas ainda não tínhamos tido a chance de escalar por lá. A chance chegou, a pedra ficava no caminho de volta pra Recife, e se tivesse chovendo ainda, sem chance de escalar, voltaríamos pra casa mais cedo. O pessoal aceitou a proposta e lá fomos nós.
Como vinhamos da trip de Serra Talhada, só nos restaram 2 chapeletas e cinco parabolts (sem chapeleta), e a idéia era abrir uma via, ou começá-la, caso não tivesse nenhuma rota onde caberiam móveis.
A Pedra da Igrejinha fica entre Caruaru e Cachoeira Seca (onde tem a estátua do Lampião), no caminho pra Brejo, cerca de 5 a 10 km de estrada de terra adentro, entrando no posto antes do Rei das Coxinhas/Restaurante Acácia. Alex Guardiola já esteve por lá, pelo que me lembro dele contar, começou uma via artificial, mas quando caiu, progredindo em um teto pro lado, o pêndulo da marreta veio bem na testa do Felipinho, entre o olho e o capacete. A via não foi concluída, mas não conseguimos chegar até ela pras ver.
Subimos caminhando por um pasto cheio de blocos grandes e lisos até chegar na base da pedra, porém, chegamos pela face onde ela é menor, bem pequena na verdade, talvez com uns 40 metros de altura. Visualizamos uma linha que talvez fosse fácil subir, onde inclusive o morador local falou que o pessoal subia. Demos uma volta nos arredores, inclusive na face da direita, onde a pedra não era tão grande e olhando de longe parecia ter algumas fissuras. Achamos que seria tudo mais exigente e nos exigiria muita proteção fixa, que não tínhamos disponível, também não achamos nada em móvel para subir. Voltamos então pra pequena face e subimos pela linha que vimos e parecia fácil, meio morgados, descobrimos que não precisava nem de corda pra subir, passando pela chaminé inicial, seguia-se escalaminhando até o cume, e lá fomos nós.
Dando um rolé no cume vimos a linha que queríamos inicialmente por cima, pareceu mais factível e, como ainda era cedo, descemos, desescalamos a chaminé e andamos até a base da linha da qual tínhamos nos acovardado mais cedo.
Comecei em cima de um bloco, em uma base que a partir do primeiro lance já te obrigava a cair pra esquerda, pq pra direita não seria muito bonito...Fiz dois movimentos mais técnicos e as agarras foram aparecendo, a escalada ficou confortável e estiquei o máximo possível para bater a primeira chapa, bati mais uma na sequencia, não muito longe e depois estiquei mais um pouco até um lugar que pareceu razoável de parar. Bati um bolt e puxei Leo e Luciano. Leo tocou a próxima enfiada, um pouco mais fácil, só que maior, foram mais duas chapeletas até chegar próximo ao cume, de onde nos puxou na seg de corpo. Estava concluída (tipo obra do governo) a Via dos Covardes, com 90 metros de extensão. descemos caminhando e dessa vez em vez de desescalar a chaminé da via normal, rapelamos de uma chapeleta antiga de um top rope que tinha ao lado, um rapel bem curtinho.
Acabaram as chapas, e voltamos pra casa ainda bem cedo, mas deu pra ficar com água na boca com a Pedra da Igrejinha! Temos que voltar mais bem equipados e investir em sua face principal e mais vertical, parece linda!
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